Quarta, 05 de Novembro de 2025

Vítimas de Mariana Ainda Esperam Justiça 10 Anos Depois

Tragédia marca uma década com promessas não cumpridas

05/11/2025 às 10:55
Por: Redação
A auxiliar Mônica Santos, moradora de Bento Rodrigues em Mariana, Minas Gerais, relembra a tragédia do rompimento da barragem de Fundão no dia 5 de novembro de 2015. Ao sair cedo para o trabalho, não imaginava que encontraria sua casa coberta por lama um dia depois. Hoje, ela continua lutando por justiça. Passados dez anos, as marcas do desastre ainda são vivas. "Parece que foi ontem", desabafa Mônica, agora desempregada. Naquele dia fatídico, a barragem de rejeitos de minério liberou 40 milhões de metros cúbicos de lama, vitimando 19 pessoas e desabrigando mais de 600. No caos daquele dia, Mônica recebeu um telefonema de sua prima alertando-a. Após um dia de busca, viu sua casa destruída. "A ficha caiu ali. Eu não tinha mais nada", conta, revelando a frustração com as promessas de segurança da Samarco, que garantia monitoramento constante da barragem. Mônica perdeu amigos próximos e agora vive no reassentamento Novo Bento Rodrigues a 13 quilômetros de sua antiga casa. "Ainda há problemas nas casas e muitos desabrigados sem sequer um projeto de lar pronto", enfatiza. Mônica defende que todos sejam devidamente indenizados e os responsáveis, punidos. Ela crê que, se os culpados tivessem sido responsabilizados, casos como Brumadinho, em 2019, poderiam ter sido evitados. Márcio Zonta, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração, critica os projetos minerários, que, segundo ele, ignoram as comunidades. Ele alerta que 74 das 916 barragens brasileiras têm risco de colapso, enquanto 91 estão em alerta, destacando que a tragédia pode se repetir, especialmente em Minas Gerais. O colapso de Mariana e Brumadinho seria resultado de falhas no sistema de mineração da Vale. O programa "Caminhos da Reportagem" da TV Brasil destacou a contínua luta por justiça dos atingidos. O promotor Guilherme de Sá Meneguin afirma que o colapso das barragens afetou milhões, classificado como uma violação grave dos direitos humanos. Ainda há muito a ser feito, segundo Júlio César Rodrigues, da Agência Nacional de Mineração. Embora a regulamentação das barragens tenha avançado, as pilhas ainda carecem de atenção. Desde 2015, 68,4 bilhões de reais foram destinados para reparação, com 32,1 bilhões já pagos em indenizações. Francisco de Paula Felipe, agricultor, mudou-se recentemente para o novo assentamento. "Recebemos parte da indenização, mas ainda há questões a resolver na Justiça", relata, esperançoso por dias melhores.

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