Quarta, 05 de Novembro de 2025

Expansão do agronegócio no Cerrado gera controvérsia

Agronegócio no Brasil impulsiona economia, mas impactos preocupam especialistas

05/11/2025 às 10:45
Por: Redação
O agronegócio brasileiro, visto como um impulsionador do crescimento econômico do país, enfrenta críticas pela concentração de terras e renda, além de extensos danos ambientais. O Cerrado, savana crucial para o abastecimento hídrico, sofre com desmatamento, ameaçando a segurança das águas. Ativistas alertam para o risco de perda das bacias hidrográficas essenciais. O Tribunal Permanente dos Povos, que representa 56 movimentos sociais, denunciou práticas de "ecocídio" no Cerrado, acusando tanto governos quanto corporações nacionais e internacionais. Em 2022, um veredicto responsabilizou essas entidades pela destruição do ecossistema. Segundo dados do Mapbiomas, 47,9% da vegetação original do Cerrado já foi desmatada, com 24% do bioma ocupado pelo agronegócio, aumentando em 74% desde 1985. A região do Matopiba tem a maior taxa de desmatamento, impulsionada pela expansão agrícola. Há uma discussão sobre o termo "agronegócio". Danilo Araújo Fernandes, da UFPA, destaca a diferença entre grandes produtores e a agricultura familiar. Ele descreve o agronegócio como voltado à produção em larga escala, associado a conglomerados econômicos. O agronegócio é vital para a economia nacional, gerando superávits e empregos. Dados da USP indicam que o setor move até 25% do PIB. Em 2025, o governo destacou o crescimento econômico graças à agropecuária. Contudo, especialistas pedem revisão na expansão em áreas sensíveis como o Matopiba. Financiado pelo Estado, o agronegócio brasileiro beneficia-se de terras abundantes, apoio da Embrapa e incentivos fiscais como a Lei Kandir, que isenta impostos de exportação. Em 2025, o Plano Safra destinou 516,2 bilhões de reais ao setor, contrastando com 89 bilhões à agricultura familiar. Há questionamentos sobre a sustentabilidade do modelo atual. Gilberto Marques, economista da UFPA, sinaliza os limitados empregos gerados frente aos incentivos recebidos. Especialistas apontam a desigualdade de apoio entre o agro voltado para exportação e a agricultura familiar, prejudicando o mercado interno. Internacionalmente, multinacionais controlam a maior parte do mercado de grãos, exercendo influência significativa sobre preços e contratos no Brasil. Esse domínio força os produtores a operar em grande escala, impactando o emprego rural. No cenário político, a forte representação do agronegócio no Congresso revela a longa história de concentração fundiária no Brasil. Críticos acusam o setor de promover desregulamentações ambientais, apesar de receber recursos internacionais para ações climáticas. O MMA, por sua vez, busca aliar-se ao agronegócio em estratégias de sustentabilidade, reconhecendo os riscos ao país pela destruição do Cerrado. Iniciativas como o projeto Ecoinvest, focado na recuperação de pastagens, exemplificam esses esforços.

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